Artigo - Franchising colaborativo: uma tendência
É obrigação das franqueadoras oferecer aos franqueados o suporte necessário para que suas unidades operem dentro de padrões previamente estabelecidos e busquem maximizar atinjam os resultados. Isto envolve, na prática, obter o lucro necessário para a manutenção da franquia e do próprio franqueado, além de garantir o retorno do montante aplicado no negócio no tempo previsto no plano de negócios.
Esta é a tarefa do consultor ou supervisor de campo. É um funcionário da franqueadora que tem a missão de visitar as franquias, detectar o que não está dentro do esperado e propor ações de melhoria. Não é um auditor ou um fiscal, mas sim, um profissional preparado pelo franqueador para fazer avaliações e intervenções.
No entanto, como o franchising não para de evoluir, observamos uma tendência que merece nossa atenção: o franchising colaborativo, ou seja, o envolvimento de franqueados na supervisão e consultoria de campo, apoiando e orientando outros franqueados.
Os franqueadores estão concluindo que ninguém melhor do que um franqueado experiente – que conhece e vive o negócio – para colaborar com outros franqueados, sobretudo os menos experientes. Ele também sabe o que dá certo e errado; o que pode e o que não deve ser feito; e como lidar com problemas com fornecedores, clientes e colaboradores, entre outras questões.
A conversa entre franqueados, a troca de experiências, é sempre muito proveitosa. E o dia a dia nem sempre permite que isto aconteça periodicamente. Porém, um processo estruturado pode facilitar esta forma de apoio. E tem mais: uma coisa é ouvir de um ‘terceiro’ o que precisa ser feito, ainda que seja da franqueadora. Outra coisa é ouvir aquele que conhece a realidade do negócio – com suas dores e delícias. O impacto, certamente, é diferente.
É importante esclarecer que o objetivo desta reflexão não é estimular a transferência de obrigações essenciais do franqueador para franqueados, mas sim, pensar até que ponto não é possível aproveitar as potencialidades de quem já faz parte da rede – no caso, a experiência de um bom franqueado para tornar o negócio melhor e mais forte.
Em se tratando de relacionamentos, se por um lado, nota-se atualmente o aumento da intolerância, por outro, há pessoas e grupos ávidos por compartilhar espaços, recursos e ideias. O melhor de tudo é saber que o franchising brasileiro se encaixa no segundo caso e, por esta razão, vem ocupando um espaço de destaque no cenário econômico atual.
*Fernando Tardioli é Diretor Jurídico da Associação Brasileira de Franchising (ABF), do World Franchise Council (WFC), da Federação Ibero-Americana de Franquias (FIAF) e sócio do escritório Tardioli Lima Advogados